segunda-feira, 24 de setembro de 2012



O Futuro da Humanidade

Segundo a Ficção Científica:


Utopia ou Realidade?

Sete tipos de mundos idealizados que podem ser encontrados no cinema


Que tipo de futuro espera a humanidade? E como o cinema imagina esse futuro? Neste artigo especial, vamos em busca de possíveis respostas - na primeira parte, as mais otimistas, e na segunda (que publicaremos na semana que vem), as mais pessimistas.
A etimologia da palavra utopia consiste em uma tradução dos termos gregos "lugar nenhum" e "bom lugar". Significa a criação de um mundo ideal, fantástico, tão perfeito que não necessariamente existe ou existirá na realidade - ao contrário da sua antítese, a sociedade absolutamente desarmônica, a distopia.
A primeira literatura sobre o assunto se encontra na filosofia: em A RepúblicaPlatão discorre sobre Calípole, uma cidade de organização ideal. É nesse livro que se encontra a famosa alegoria da caverna, que parte do princípio de que existe um mundo ideal que nós, humanos, não podemos reconhecer, por estarmos amarrados a uma caverna, em que somente sombras dessa utopia são apresentadas a nós.
A utopia do mundo perfeito é elemento constante na ficção. Nesta primeira parte, traçamos uma relação dos mundos utópicos e de suas representações no cinema de ficção científica. Como veremos a seguir, mesmo o mundo perfeito deve incluir algum conflito - afinal, é da interseção entre fantasia e movimento que nascem as histórias.

Star Trek

Tipo de utopia: ideal
A coleção de séries de TV e dos filmes de Jornada nas Estrelas (Star Trek) apresenta o futuro de perfeição suprema, em que a humanidade uniu-se em busca de demandas mais nobres, como a diligência pelo conhecimento e pela paz. A Frota Estelar  é uma armada pacífica, habitada por uma tripulação filantrópica e etnicamente diversa, e as tramas tratam com otimismo de assuntos de valor, como racismo, religião e direitos humanos (e de alienígenas). Além disso, a sociedade dispensou coisas mundanas como o dinheiro, e pode apostar no trabalho como um meio para realmente enaltecer o homem.
Claro, há batalhas, raças e pessoas que ameaçam esse modo de viver. Porém, a espaçonaveEnterprise sempre termina dadivosa, depois de aprender alguma lição valiosa. Vale notar que há vários tipos de utopias presentes nos filmes - econômica, financeira, tecnológica - e também há a utopia ecológica, na qual a sociedade aprenderia novos modos de se relacionar com seu ambiente ou com a natureza, em uma tradução da imagem do bom selvagem (frequente em diversas obras, mais recentemente em Avatar).

Horizonte Perdido

Tipo de utopia: possível
Sabe aquele dizer popular "É bom demais para ser verdade"? Se você encontrasse a sociedade perfeita, você acreditaria que ela realmente existe, ou naufragaria em um sem fim de teorias de conspiração? Pois no filme de 1937 Horizonte Perdido (Lost Horizon), baseado no romance homônimo de James Hilton, o protagonista Robert Conway encontra um tipo de Jardim do Éden depois de um acidente de avião: o vale de Shangri-la. Um local paradisíaco onde ninguém envelhece, e a longevidade era próxima de ser um tipo de imortalidade. Claro, também é proibido abandoná-lo.
Quando Conway descobre que foi trazido propositalmente pelo líder da comunidade para assumir o seu lugar, ele passa a desconfiar do propósito do local e de seu guia. Tentado por outros habitantes para fugir, Robert descobre que, ao sair do vale, sua idade real volta toda ao mesmo tempo. Contudo, enquanto o livro tenta provar o ponto de que a utopia tem seu preço, o filme passa a mensagem de que ela é possível, caso possamos deixar nossos medos de lado.Horizonte Perdido ainda ganhou nova adaptação, em 1973.

O Homem Bicentenário / Eu, Robô

Tipo de utopia: purificada
O pensamento utópico de Isaac Asimov, autor do conto do Homem Bicentenário (que ganhou adaptação cinematográfica em 1999, dirigida por Chris Colombus) e das Leis da Robótica e partes da história do filme Eu, Robô (de 2004, dirigido por Alex Proyas), se dá de maneira histórica. Isto é, o autor está mais interessado em desenhar o trajeto que leva a uma sociedade a ser utópica do que necessariamente descrever detalhadamente como seria este mundo perfeito. Sendo assim, ambos os filmes - embora adaptem um pouco o original asimoviano - não tentam apresentar um paraíso, mas uma comunidade avançada em que tudo parece se encaixar.
O interessante é que a visão mais antropológica deixa espaço para melhorias, e é aqui que os contos tomam forma: é possível encontrar a discussão do que é ser humano, e de como aperfeiçoar a condição humana. O robô que pode ser humano, este é o cerne das obras. Ademais, os conflitos principais não acontecem entre humanos, mas entre humanos e robôs, o que distancia a noção de problemas dentro da raça humana. Isto é, depois de encontrar novas formas de vida, a humanidade pode deixar de se focar em suas questões e abraçar uma visão mais larga da realidade. Uma visão comum da ficção científica utópica, que prima por purificação.

Mary Shelley's Frankenstein

Tipo de utopia: feminina
Talvez seja novidade para alguns leitores, mas entre as ficções sobre utopias, a feminina é uma das mais proeminentes. Muitos escritores tentam dissertar sobre como ficaria a questão dos gêneros sexuais no futuro, e as tipologias são diversas: há mundos em que só sobraram mulheres, outros em que a função de reprodução não é somente feminina, universos de verdadeira equabilidade entre homens e mulheres; todos eles retratam algum tipo de mudança de uma sociedade paternalista para algo completamente diferente, mais equacionado.
Um dos primeiros escritos encaixados nesse estrato é Frankenstein: ou o Moderno Prometeu, deMary Shelley. A autora foi influenciada, entre outras inspirações, por sua mãe, que era pesquisadora dos direitos femininos. No livro, e na sua adaptação para o cinema estrelada e dirigida por Kenneth Branagh - Mary Shelley's Frankenstein, de 1994 - o enfoque é a criação de vida de maneira assexuada, por meio de tecnologia. Claro, no filme, o final não é necessariamente feliz para o homem que arrisca a maternidade, mas esta foi uma das primeiras vezes em que o conceito foi aplicado à ficção científica. Vale lembrar que a utopia feminina é a que menos se utiliza de um ponto de vista generalista, o "bom lugar" a partir de uma visão de gênero.

Minority Report - A Nova Lei

Tipo de utopia: questionável
Por vezes, toda a sociedade está absolutamente serena em um distante futuro utópico, mas o protagonista da história não se encaixa, ou descobre alguma falha no sistema. Diferentemente de futuros distópicos, em que a utopia é uma exclusividade de poucos privilegiados, nesta versão o idealismo funciona para todos, mas por vezes se prova contrário à própria natureza humana.
Assim como a ironia de haver um lugar "bom" que é ao mesmo tempo um lugar "nenhum", esse tipo de filme quer questionar exatamente o cruzamento entre possível e impossível. Minority Report - A Nova Lei, filme de 2002 inspirado no conto homônimo de Philip K. Dick, demonstra esse tipo de utopia. Agente da divisão de pré-crimes, repartição policial que confronta os assassinos antes mesmo de cometerem o crime, apostando em um tipo de oráculo, John Anderton (Tom Cruise) parte em uma demanda pessoal, quando descobre que ele mesmo mataria uma pessoa em menos de trinta e seis horas. Se o sistema é preciso, porque então diz que "nosso herói" na verdade pode ser um criminoso? O tema aqui é determinismo versus livre-arbítrio.
A mesma questão é tratada em diversos filmes, como Gattaca, de 1997, em que o personagem principal, Vincent Freeman (Ethan Hawke), tenta realizar seu sonho, trapaceando o sistema aparentemente ideal que escolhe papéis sociais com base na eugenia. Ainda outro exemplo da categoria da utopia questionável é A Vida em Preto e Branco (Pleasantville), de 1998, em que os irmãos David (Tobey Maguire) e Jennifer (Reese Witherspoon) acabam dentro de um seriado dos anos 1950, em que todos vivem em um tipo de eterno paraíso, mas Jennifer começa a alterar essa ordem perfeita, para o desgosto de David. O conflito principal do filme é qual a medida entre ordem e caos, entre repressão e expressão.

A Costa do Mosquito

Tipo de utopia: criável
Como pode um ser humano imperfeito tomar as rédeas da criação de uma sociedade perfeita? Em A Costa do Mosquito (The Mosquito Coast), drama de 1986, o inventor Allie Fox, interpretado por Harrison Ford, parte com a família para Jeronimo, na América Central, e lá toma para si a tarefa de criar uma nova e mais avançada sociedade. O problema é, claro, o confronto entre ideal e real, já que mesmo Fox não pode fugir da sua condição humana falha. Ao enfrentar problemas com os trabalhadores, religiosos, rebeldes e gangues, Fox pode ser considerado um visionário ímpar ou um louco com planos improváveis.

A Máquina do Tempo

Tipo de utopia: hemisférica
Provavelmente a recriação mais fiel de uma utopia do tipo ecológica esteja no filme A Máquina do Tempo (The Time Machine), que George Pal dirigiu em 1960 com base no popular romance deH.G. Wells. Na trama, o cientista George constrói um aparato para viajar no tempo e visita um futuro absolutamente distante. Lá, ele encontra os Elois, uma raça que vive em perfeita harmonia com seu ambiente, que não precisa de muito para estabelecer uma comunidade funcional, e, mais importante, mantém a pureza do tal bom selvagem. Por vezes, os Elois podem parecer até ingênuos demais, pouco inquisitivos e um tanto acomodados com sua situação. Isso porque a premissa da malícia está toda concentrada em uma raça oposta: os Morlocks, que habitam o submundo.
Numa interpretação de A Máquina do Tempo, uma comunidade perfeita e singela só pode acontecer quando há o seu oposto, sua polaridade, em um outro hemisfério. Livrar-se da malícia seria livrar-se de tudo que existe de mal, em uma dicotomia perfeita. Isto é, a utopia só pode acontecer pela metade. A Máquina do Tempo já foi adaptado ao cinema algumas vezes; a mais recente em 2002, com direção de Simon Wells.

O Futuro da Humanidade

Segundo a Ficção Científica - Parte 2: Distopia

Oito tipos de sociedades que não deram muito certo...


Como o cinema de ficção científica imagina o nosso futuro? Na primeira parte do artigo, tratamos das possibilidades otimistas, as sociedades utópicas, harmônicas e ideais. Nesta segunda, apresentamos o oposto: a distopia.
Nos futuros distópicos, frequentemente pós-apocalípticos, onde impera a paranoia, mesmo as sociedades sob um véu de ordem e disciplina estão em desarranjo. Geralmente os filmes partem de dois grandes princípios: revelar a corruptividade do sistema ou apresentar os conflitos do protagonista em meio a uma sociedade decadente. Finais esperançosos, em que o individual vence a opressão coletiva, nem sempre são a regra. Aqui, a questão é o poder, e quem o exerce.
Distopias são a inspiração para um sem-fim de filmes de ficção científica. Na lista abaixo, então, você confere alguns representantes de vários gêneros das realidades distópicas, ao lado de outros filmes que se encaixam no mesmo perfil. Muitos dos escolhidos também podem ser classificados em mais de uma categoria, já que os filmes distópicos tendem a abordar mais de um aspecto do mundo em ruínas.

1984

Tipo de distopia: totalitarista
1984, em suas duas principais versões cinematográficas, de 1956 e 1984, e no romance homônimo de George Orwell, sintetiza o totalitarismo e a sociedade de controle. O cidadão abdica de suas liberdades pessoais em troca de uma política de segurança nacional e da promessa de um mundo sem crimes. O Estado passa a padronizar as classes sociais e o estilo de vida, tudo em prol de uma comunidade supostamente homogênea.
Imagine que uma câmera grava todos os seus movimentos, a cada instante, todos os dias. Dentro desse ambiente controlado, onde o Grande Irmão representa o panóptico perfeito, as regras se impregnam na rotina das pessoas de tal forma que, em dado momento, o controle total prescinde da câmera para continuar funcionando. Em 1984, ademais, a repressão do Estado não se dá somente por meio de coação e censura, mas por uma mudança de enfoque: propaganda manipulativa.
Este é o gênero de distopia mais utilizado no cinema de ficção científica, e já rendeu ótimos títulos - muitos deles, como 1984, também derivados da literatura, a exemplo de Fahrenheit 451A Scanner Darkly – O Homem Duplo e Aeon Flux. Uma subdivisão da distopia totalitarista é a do Estado burocrático, em que os cidadãos, presos numa situação kafkiana, não conseguem driblar as regras do sistema simplesmente por elas existirem em excesso. Os filmes, nesse caso, tendem ao absurdo e à sátira, como Brazil Idiocracy.

Blade Runner - O Caçador de Androides

Tipo de distopia: tecnológica
Outro subgênero abundante no cinema de ficção científica. Blade Runner, o filme de Ridley Scott de 1982 que adapta o romance Do Androids Dream of Electric Sheep?, de Philip K. Dick, é um dos principais exemplares do mundo "high tech, low life", isto é, quanto maior o conhecimento científico, pior a qualidade de vida da população. No caso das distopias, a aceleração da tecnologia pode causar um colapso iminente, seja pelo seu mau uso, pela falta de organização na superurbanização ou pela sociedade que apela para o crime como forma de sobrevivência.
Aqui não há um véu de utopia. O universo de Blade Runner apresenta um mundo totalmente caótico, que passa por problemas de superpopulação e poluição. Robôs orgânicos conhecidos como replicantes são criados para trabalhar em colônias fora da Terra, com um curto tempo de vida, e aqueles que tentam viver em meio aos humanos no planeta devem ser exterminados. Mas, nessa realidade esgarçada, o conceito de "humanidade" se perde - daí o conflito principal deBlade Runner, com seus replicantes revoltosos em busca de aceitação.
Já filmes como Matrix demonstram a mesma problemática das máquinas, mas em um mundo onde os humanos já foram totalmente subjugados. Outros exemplos de distopias tecnológicas incluemeXistenZ, Videodrome, Johnny Mnemonic – O Cyborg do Futuro, Metrópolis, O Exterminador do FuturoTHX-1138 AI – Inteligência Artificial. Este subgênero também pode ser encontrado em inúmeras animações orientais, entre elas AkiraGhost in the Shell - O Fantasma do Futuro eAppleseed.

O Livro de Eli

Tipo de distopia: pós-apocalíptica
O Livro de Eli, de 2010, é colocado como representante deste gênero por trazer uma versão clássica do apocalipse, com seus desdobramentos religiosos: o mundo passa por uma guerra nuclear que transforma o planeta em uma terra árida de ninguém, e, assim como em A Estrada, o refúgio possível, contra vilões que exploram a desesperança dos demais, talvez seja apenas o espiritual.
O protagonista segue seus próprios valores morais enquanto parte em uma missão que pode alterar a situação e, no caso, trazer um pouco de esperança. Eli perambula por mais de 30 anos até encontrar uma cidadezinha cujo dono afirma conhecer um livro que poderá dar-lhe o poder de dominar as pessoas. O poder é uma das questões fundamentais de sociedades distópicas porque, mesmo que as histórias tenham focos diferentes, uma sociedade imperfeita é gerida por um governante imperfeito.
A escassez de gasolina, a poluição e a predileção por futuros desérticos e sem vida são a norma em filmes como Mad MaxFilhos da Esperança, Os 12 Macacos e Wall-E, mas a natureza vez ou outra se impõe no vácuo deixado pela humanidade, em filmes como Planeta dos Macacos,Waterworld - O Segredo das Águas e Eu Sou a Lenda, Embora a leitura religiosa não esteja sempre presente, não é difícil ver em dilúvios ou em mártires uma chance de interpretar essa variedade de filmes pelo viés bíblico.

Laranja Mecânica / Batalha Real

Tipo de distopia: criminosa
O filme britânico Laranja Mecânica, de 1971, e o japonês Batalha Real, de 2000, têm duas coisas em comum: ambos são baseados em romances homônimos, e trazem a violência como respostas a uma sociedade distópica. Em Laranja Mecânica, o crime organizado comanda as ruas, rivalizando com o papel do Estado, que está a ponto de perder a guerra. O crime, aqui, funciona em resposta ao totalitarismo, mas acaba criando, inevitavelmente, outro tipo de pressão.
Já em Batalha Real, o crescimento da população mundial foi tamanho que esgotou os recursos naturais do planeta. Para controlar as massas e manter a população acuada, o governo cria um jogo: jovens de 15 e 16 anos são atirados em uma ilha para exterminar uns aos outros, até que sobre somente um. Assim, o crime é utilizado como mecanismo de repressão.
Batalha Real tem com Jogos Vorazes, obviamente, um parestesco próximo, mas outros filmes de distopias em que a violência é institucionalizada incluem também No mundo de 2020,DelicatessenDeath Race 2000 Fuga de Nova York, entre muitos outros.

Admirável Mundo Novo

Tipo de distopia: prazerosa
Você será totalmente controlado por um governo ou uma instituição, mas não se preocupe: você vai gostar. Em Admirável Mundo Novo (filme criado para TV em 1980, inspirado pelo romance deAldous Huxley), a sociedade poderia ser uma utopia, tudo funciona de maneira perfeita, as pessoas vivem de forma harmônica, sempre serenas ou felizes. A vida sexual é encorajada, já que serve apenas como fonte de prazer - a reprodução é sempre in vitro e controlada. Porém...
Para manter-se feliz, o cidadão deve usar Soma, uma droga projetada para desativar sentimentos impróprios. Aqueles que não querem viver em sociedade, podem optar por morar nas suas margens. Na trama do filme, a sociedade passa a ser questionada por alguns poucos, quando um dos Selvagens é reinserido na cidade. O livro ainda ganhou outra adaptação para a TV, em 1998.
Outros bons exemplos desta distopia são Fuga do Século 23 (o filme de 1976 mostra a sociedade perfeita, mas que assassina seus cidadãos quando eles atingem 30 anos de idade) e Equilibrium(de 2002, em que o uso de drogas mantém a sociedade serena, já que ter emoções é considerado um crime).

Vampiros de Almas

Tipo de distopia: alienígena
E se a distopia estivesse lá fora? Aqui, uma raça alienígena é que passa a controlar a sociedade. Porém, o funcionamento dessa nova comunidade é bem parecido com a distopia totalitarista: os cidadãos se tornam homogêneos, não há violência, mas também não há individualidade ou sexualidade.
Vampiros de Almas - que ganhou três remakes: Os Invasores de Corpos (1978), Os Invasores de Corpos - A Invasão Continua (1993) e Invasores (2007) - foi produzido em 1956, numa época da Guerra Fria em que o cinema B de Hollywood trabalhava com o medo comunista constantemente como metáfora em suas ficções científicas. Como os alienígenas parasitas dominam humanos mas não os deformam, tudo na aparência permanece normal, e a paranoia se estabelece mais uma vez como norma da distopia.
Claro, o mundo se torna um local absolutamente utópico, mas para os invasores. Outra sugestão é Cidade das Sombras, de 1998, cuja versão do diretor saiu no Brasil em Blu-ray em junho deste ano.

A Decadência de uma Espécie

Tipo de distopia: feminista
Assim como filmes retratam o feminino de forma utópica, em que a questão do gênero fica mais equacionada, também há o seu oposto: na distopia feminista, a sociedade reprime as mulheres. No caso do filme A Decadência de uma Espécie, de Volker Schlöndorff, de 1990, o futuro é demonstrado na República de Gileade, em que o governo totalitarista controla a reprodução e a maioria das mulheres é estéril. Aquelas que podem gerar filhos são escravizadas e forçadas a procriar. No tipo ainda cabem questões como a redução do papel feminino a atividades forçadas domésticas.

RoboCop - O Policial do Futuro

Tipo de distopia: corporativa
O controle aqui é realizado não pelo governo, mas por uma ou mais corporações, que podem tanto determinar o estilo de vida dos cidadãos (frequentemente mascarado como oferta de bens de consumo) como serem, elas mesmas, os agentes de destruição. No caso de RoboCop - O Policial do Futuro, de Paul Verhoeven, as comunidades vivem à mercê da violência, até que a empresa OCP toma para si o papel da segurança pública e cria um ciborgue que pode eliminar a criminalidade.
O que a corporação não imaginava, porém, é que seu rato de laboratório, um policial chacinado que sobrevive graças à tecnologia, pudesse lutar tanto para manter a sua humanidade. Na obra, assim como em outras distopias deste tipo, as empresas que conduzem o mundo são uma visão exacerbada do capitalismo selvagem. A publicidade, inclusive, passa a ser a maior ferramenta de gestão do controle.
Outros exemplos: O Quinto ElementoRollerball – Os Gladiadores do Futuro, A Ilha, Resident Evil,O Vingador do Futuro, Paranoia 1.0.


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